Resenha: Carrie, a estranha - Stephen King


As portas do saguão se fecharam com um barulho que parecia aplauso. Alguém atrás gritou, desencadeando o tropel. O pessoal disparou para as portas, na maior correria. [...] Carrie olhava para dentro, a cara toda borrada feito um índio pintado para a guerra.
Ela sorria.
                                                                 Carrie, a estranha - 142
     


      


       Autor: Stephen King
       Ano de publicação: 2013 (esta edição)
       Título original: Carrie
       Editora: Suma de Letras
       Tradução: Adalgisa Campos da Silva
       Páginas: 199
       ISBN: 978-85-8105-036-2









Sinopse: Carrie, a Estranha narra a atormentada adolescência de uma jovem problemática, perseguida pelos colegas, professores e impedida pela mãe de levar a vida como as garotas de sua idade. Só que Carrie guarda um segredo: quando ela está por perto, objetos voam, portas são trancadas ao sabor do nada, velas se apagam e voltam a iluminar, misteriosamente.

Aos 16 anos, desajustada socialmente, Carrie prepara sua vingança contra todos os que a prejudicaram. A vendeta vem à tona de forma tão furiosa e amedrontadora que até hoje permanece como exemplo de uma das mais chocantes e inovadoras narrativas de terror de todos os tempos.

1979 - Chamberlain, Maine


       Aos dezesseis anos Carietta White (Carrie), vive com a mãe, Margaret, uma viúva com um pouco mais de quarenta anos, em um bangalô, próximo ao centro da cidade, em Chamberlain no Maine.  O interior do imóvel onde as White moram é exageradamente repleto de objetos e figuras religiosas.
    
     Margaret é uma fanática religiosa extremista, que acredita piamente que fora ela, todas as outras pessoas são pecadoras. O fanatismo é tamanho que ela fala deliberadamente para os que acredita viverem em pecado, que Deus estaria reservando um lugar para eles no inferno, e o seu principal alvo era a própria filha, Carrie.  A linha de pensamento desenvolvida por Margareth, assim como muitas de suas conclusões ultrapassam o limite da sanidade, por exemplo:

  •    Espinhas era uma punição de Deus à Carrie;
  • Tomar banho no chuveiro era algo extremamente pecaminoso;
  •  Apenas as mulheres pecadoras tinham seios, as puras jamais o teriam;
  •  Mulheres puras não sangravam mensalmente;
Carrie sofre constantemente com o fanatismo da mãe, que sempre a castiga por qualquer coisa que faz, mas que Margaret julga ser pecaminoso, e é diariamente condenada a passar horas trancafiada dentro de um armário, sendo obrigada a rezar e pedir perdão a Deus em voz alta.
Carrie tem o dom da telecinesia – habilidade de mover objetos apenas com o poder da mente-, que se manifesta apenas em momentos de extrema tensão pessoal, e, aos três anos de idade, esse dom se manifestou de maneira alarmante pela primeira vez; Margaret dividia o quintal com uma vizinha, e uma cerca viva separava as duas propriedades. Margaret incomodava a vizinha quase diariamente, advertindo-a sobre os atos pecaminosos de sua filha Stella Horan, segundo ela Prostituta da Babilônia, de tomar banho de sol de biquíni no quintal, e no mal que isso fazia para Carrie. Certa vez, Carrie atravessou a cerca, e se aproximou de Stella, questionando-a sobre diversas coisas, como os seios, e etc. Logo que Margaret se dera conta, começou a se flagelar gritando ameaçadoramente pela filha. Este momento de tensão deu início à chuva de pedras, tipo granito, no qual a principal casa atingida fora a de Margaret.

Desde que começou a frequentar a escola, Carrie era constantemente perseguida por outros alunos. Por ser uma garota introvertida, ela era o bode expiatório da turma, ou seja, em qualquer atividade que era feita em grupo, ela era sempre aquela pessoa que sobrava. Carrie tentava debilmente ser “igual” as outras garotas, com o intuito de desviar a atenção de seus perseguidores sobre ela, e, por vezes desobedecera as regras que a mãe lhe impunha, para atingir seu objetivo, entre eles: não praticar exercícios físicos; não utilizar os chuveiros do colégio; e não usar batom. E como reconhecimento por seu esforço, encontrava pichações nas carteiras da sala de aula, com vários insultos direcionados a ela, como:
“Carrie White come cocô“

“A rosa é vermelha, a violeta é azul, a lesma é lerda, mas Carrie White come merda”

Os esforços de Carrie redobraram e as perseguições também, quando iniciou o ensino médio no Ewen High School. No último ano do colégio, logo após a realização de uma atividade física coordenada pela professora de ginástica, Srta Rita Desjardin, Carrie se redirecionou para o chuveiro, e quando estava prestes a sair, sentiu algo lhe escorrer por entre as pernas, era sangue. Logo, que uma das garotas, Chris Hangersen, percebe o que está acontecendo, o pesadelo de Carrie começa, todas estavam gritando e rindo, enquanto atiravam absorventes internos e externos em Carrie, chamando-a de porca, entre outros insultos. Carrie chorava e gritava por ajuda, acreditando estar morrendo de hemorragia.  Com quase dezessete anos, ela ainda não havia tido a primeira menarca. Nesse episódio, após as garotas serem expulsas do banheiro pela professora, algumas lâmpadas estouram, e alguns objetos começam a cair. Carrie foi dispensada pelo resto do período da escola, e logo quando chega a casa, tenta pedir explicações para a mãe, que nunca lhe contara que algo assim viria a acontecer com ela. Mas, a reação de Margaret foi totalmente oposta à que Carrie esperava a mãe lhe batera e a colocara de castigo, novamente no armário.

Carrie sonha em fugir das garras autoritárias da mãe, mas, às vezes se contradiz, e passa a acreditar por um breve momento que a sua mãe está totalmente certa sobre as punições e acima de tudo sobre Deus.  As discussões entre mãe e filha são constantes.
Chris Hangersen e as demais alunas que participaram do incidente do banheiro receberam punições de três dias de atividades extracurriculares e, caso não o cumprissem, teriam os convites para o Baile de Formatura vetado.  Chris cumpriu apenas um dia, e teve seus ingressos negados, por conta disso, ela prometera uma noite inesquecível aos que participariam do baile, ela e seu namorado arquitetam um plano que tinha como objetivo expor Carrie ao ridículo na frente de todos os alunos do colégio.

Carrie há muito vinha testando os poderes e os limites de sua mente, tornando-se extremamente capaz de fazer uma cama levitar do chão, e um carro mover-se sozinho.

O baile seria realizado no dia 27 de maio de 1979. Uma data realmente inesquecível, não apenas pela promessa de Christine Hangersen, mas sim por uma catástrofe.


Opinião: Logo no início da leitura, o leitor perceberá que algo de muito ruim aconteceu, ao longo do livro haverá vários recortes de revistas, jornais e livros, os principais são T
The  Shadow Exploded, que cobre por completo o caso Carrie White, e My Name is Susan Snell, livro de uma das garotas que participou do incidente do chuveiro.  
A narrativa é feita em terceira pessoa, e transcorre à partir do ponto de vista de alguns personagens, como Carrie, Susan Snell, Christine Hangersen, entre outros. A escrita totalmente precisa de Stephen King, faz com que o leitor crie uma forte empatia por Carrie e todo o sofrimento pelo qual ela passa diariamente, desde o bullying escolar até os ataques histéricos da mãe, tudo reflete de uma maneira extremamente ruim em Carrie. No colégio ela nunca reagia a nenhuma agressão verbal que lhe era feita, ficava brava, mas tinha sempre um mantra que ela repetia para si mesma que a acalmava. Mas, como sempre em boa parte dos casos, chega a hora do basta, em que a pessoa realmente está no limite e não agüenta mais, precisa fazer algo, e muitas vezes as conseqüências são extremas.
É impossível não desejar que as coisas melhorem para Carrie, e querer tirá-la de todo aquele sofrimento. Este livro para mim foi surpreendentemente bom e ao mesmo tempo triste. Não será apenas mais um livro que li ou outro volume na estante, mas sim, um livro que realmente carregarei para sempre, Carrie é o tipo de personagem difícil de esquecer.
Atualmente há três filmes baseados na história de Carrie, infelizmente ou felizmente não assisti nenhum, e pretendo continuar assim, pois gostei tanto do livro e temo que a adaptação não o retrate do jeito que deveria ser feito.
Nas primeiras páginas do livro, há uma pequena biografia do Stephen King onde ele conta um pouco sobre o processo de criação da estória, nas duas garotas que serviram de inspiração para a CRIAÇÃO e desenvolvimento da personagem Carrie, e como a venda do livro tirou a família dele da pobreza. As dificuldades que ele passou antes de se tornar o renomado escritor que é hoje fazem o leitor encherem os olhos.
Um livro RECOMENDADÍSSIMO, infelizmente é impossível descrever de forma precisa o porque gostei tanto do livro e me apeguei tanto à Carrie.




                                                             Sobre o autor:

  Stephen King era um leitor fanático dos quadrinhos EC's horror comics incluindo Tales from the crypt, que estimulou seu amor pelo terror. Na escola, ele escrevia histórias baseadas nos filmes que assistia e as copiava com a ajuda de seu irmão David. King as vendia aos amigos, mas seus professores desaprovaram e o forçaram a parar.
   De 1966 a 1971, Stephen estudou Inglês na Universidade do Maine em Orono, onde ele escrevia uma coluna intitulada "King's Garbage Truck" para o jornal estudantil, o Maine Campus. Ele conheceu Tabitha Spruce lá e se casaram em 1971. O período que passou no campus influenciou muito em suas histórias, e os trabalhos que ele aceitava para poder pagar pelos seus estudos inspiraram histórias como "The Mangler" e o romance "Roadwork" (como Richard Bachman).


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