As portas do saguão se fecharam com um barulho que parecia aplauso.
Alguém atrás gritou, desencadeando o tropel. O pessoal disparou para as portas,
na maior correria. [...] Carrie olhava para dentro, a cara toda borrada feito
um índio pintado para a guerra.
Ela sorria.
Ela sorria.
Ano de publicação:
2013 (esta edição)
Título original:
Carrie
Editora: Suma de Letras
Tradução: Adalgisa
Campos da Silva
Páginas: 199
ISBN:
978-85-8105-036-2
Sinopse: Carrie, a Estranha narra a atormentada adolescência de uma jovem problemática, perseguida pelos colegas, professores e impedida pela mãe de levar a vida como as garotas de sua idade. Só que Carrie guarda um segredo: quando ela está por perto, objetos voam, portas são trancadas ao sabor do nada, velas se apagam e voltam a iluminar, misteriosamente.
Aos 16 anos, desajustada socialmente, Carrie prepara sua vingança contra todos os que a prejudicaram. A vendeta vem à tona de forma tão furiosa e amedrontadora que até hoje permanece como exemplo de uma das mais chocantes e inovadoras narrativas de terror de todos os tempos.
1979 - Chamberlain, Maine
Aos dezesseis
anos Carietta White (Carrie), vive com a mãe, Margaret, uma viúva com um pouco
mais de quarenta anos, em um bangalô, próximo ao centro da cidade, em
Chamberlain no Maine. O interior do
imóvel onde as White moram é exageradamente repleto de objetos e figuras
religiosas.
Margaret é uma
fanática religiosa extremista, que acredita piamente que fora ela, todas as
outras pessoas são pecadoras. O fanatismo é tamanho que ela fala
deliberadamente para os que acredita viverem em pecado, que Deus estaria
reservando um lugar para eles no inferno, e o seu principal alvo era a própria
filha, Carrie. A linha de pensamento
desenvolvida por Margareth, assim como muitas de suas conclusões ultrapassam o
limite da sanidade, por exemplo:
- Espinhas era uma punição de Deus à Carrie;
- Tomar banho no chuveiro era algo extremamente pecaminoso;
- Apenas as mulheres pecadoras tinham seios, as puras jamais o teriam;
- Mulheres puras não sangravam mensalmente;
Carrie sofre constantemente com o fanatismo da mãe, que
sempre a castiga por qualquer coisa que faz, mas que Margaret julga ser
pecaminoso, e é diariamente condenada a passar horas trancafiada dentro de um
armário, sendo obrigada a rezar e pedir perdão a Deus em voz alta.
Carrie tem o dom da telecinesia – habilidade de mover objetos
apenas com o poder da mente-, que se manifesta apenas em momentos de extrema
tensão pessoal, e, aos três anos de idade, esse dom se manifestou de maneira
alarmante pela primeira vez; Margaret dividia o quintal com uma vizinha, e uma
cerca viva separava as duas propriedades. Margaret incomodava a vizinha quase
diariamente, advertindo-a sobre os atos pecaminosos de sua filha Stella Horan,
segundo ela Prostituta da Babilônia, de tomar banho de sol de biquíni no
quintal, e no mal que isso fazia para Carrie. Certa vez, Carrie atravessou a
cerca, e se aproximou de Stella, questionando-a sobre diversas coisas, como os
seios, e etc. Logo que Margaret se dera conta, começou a se flagelar gritando ameaçadoramente pela filha. Este
momento de tensão deu início à chuva de pedras, tipo granito, no qual a
principal casa atingida fora a de Margaret.
Desde que começou a frequentar a escola, Carrie era constantemente perseguida por outros alunos. Por ser uma garota introvertida, ela era o bode expiatório da turma, ou seja, em qualquer atividade que era feita em grupo, ela era sempre aquela pessoa que sobrava. Carrie tentava debilmente ser “igual” as outras garotas, com o intuito de desviar a atenção de seus perseguidores sobre ela, e, por vezes desobedecera as regras que a mãe lhe impunha, para atingir seu objetivo, entre eles: não praticar exercícios físicos; não utilizar os chuveiros do colégio; e não usar batom. E como reconhecimento por seu esforço, encontrava pichações nas carteiras da sala de aula, com vários insultos direcionados a ela, como:
“Carrie White come cocô“
“A rosa é vermelha, a violeta é azul, a lesma é lerda, mas Carrie White
come merda”
Os esforços de Carrie redobraram e as perseguições também,
quando iniciou o ensino médio no Ewen High School. No último ano do colégio,
logo após a realização de uma atividade física coordenada pela professora de
ginástica, Srta Rita Desjardin, Carrie se redirecionou para o chuveiro, e
quando estava prestes a sair, sentiu algo lhe escorrer por entre as pernas, era
sangue. Logo, que uma das garotas, Chris Hangersen, percebe o que está acontecendo,
o pesadelo de Carrie começa, todas estavam gritando e rindo, enquanto atiravam
absorventes internos e externos em Carrie, chamando-a de porca, entre outros
insultos. Carrie chorava e gritava por ajuda, acreditando estar morrendo de
hemorragia. Com quase dezessete anos,
ela ainda não havia tido a primeira menarca. Nesse episódio, após as garotas
serem expulsas do banheiro pela professora, algumas lâmpadas estouram, e alguns
objetos começam a cair. Carrie foi dispensada pelo resto do período da escola,
e logo quando chega a casa, tenta pedir explicações para a mãe, que nunca lhe
contara que algo assim viria a acontecer com ela. Mas, a reação de Margaret foi
totalmente oposta à que Carrie esperava a mãe lhe batera e a colocara de
castigo, novamente no armário.
Carrie sonha em fugir das garras autoritárias da mãe, mas,
às vezes se contradiz, e passa a acreditar por um breve momento que a sua mãe
está totalmente certa sobre as punições e acima de tudo sobre Deus. As discussões entre mãe e filha são
constantes.
Chris Hangersen e as demais alunas que participaram do
incidente do banheiro receberam punições de três dias de atividades
extracurriculares e, caso não o cumprissem, teriam os convites para o Baile de
Formatura vetado. Chris cumpriu apenas
um dia, e teve seus ingressos negados, por conta disso, ela prometera uma noite
inesquecível aos que participariam do baile, ela e seu namorado arquitetam um
plano que tinha como objetivo expor Carrie ao ridículo na frente de todos os
alunos do colégio.
Carrie há muito vinha testando os poderes e os limites de
sua mente, tornando-se extremamente capaz de fazer uma cama levitar do chão, e
um carro mover-se sozinho.
O baile seria realizado no dia 27 de maio de 1979. Uma data
realmente inesquecível, não apenas pela promessa de Christine Hangersen, mas
sim por uma catástrofe.
Opinião: Logo no início da leitura, o leitor perceberá que algo de muito ruim aconteceu, ao longo do livro haverá vários recortes de revistas, jornais e livros, os principais são T
The Shadow Exploded, que cobre por completo o
caso Carrie White, e My Name is Susan
Snell, livro de uma das garotas que participou do incidente do chuveiro.
A narrativa é feita em terceira pessoa, e transcorre à
partir do ponto de vista de alguns personagens, como Carrie, Susan Snell,
Christine Hangersen, entre outros. A escrita totalmente precisa de Stephen
King, faz com que o leitor crie uma forte empatia por Carrie e todo o
sofrimento pelo qual ela passa diariamente, desde o bullying escolar até os
ataques histéricos da mãe, tudo reflete de uma maneira extremamente ruim em
Carrie. No colégio ela nunca reagia a nenhuma agressão verbal que lhe era
feita, ficava brava, mas tinha sempre um mantra que ela repetia para si mesma
que a acalmava. Mas, como sempre em boa parte dos casos, chega a hora do basta,
em que a pessoa realmente está no limite e não agüenta mais, precisa fazer
algo, e muitas vezes as conseqüências são extremas.
É impossível não desejar que as coisas melhorem para Carrie,
e querer tirá-la de todo aquele sofrimento. Este livro para mim foi
surpreendentemente bom e ao mesmo tempo triste. Não será apenas mais um livro
que li ou outro volume na estante, mas sim, um livro que realmente carregarei
para sempre, Carrie é o tipo de personagem difícil de esquecer.
Atualmente há três filmes baseados na história de Carrie,
infelizmente ou felizmente não assisti nenhum, e pretendo continuar assim, pois
gostei tanto do livro e temo que a adaptação não o retrate do jeito que deveria
ser feito.
Nas primeiras páginas do livro, há uma pequena biografia do
Stephen King onde ele conta um pouco sobre o processo de criação da estória,
nas duas garotas que serviram de inspiração para a CRIAÇÃO e desenvolvimento da
personagem Carrie, e como a venda do livro tirou a família dele da pobreza. As
dificuldades que ele passou antes de se tornar o renomado escritor que é hoje
fazem o leitor encherem os olhos.
Um livro RECOMENDADÍSSIMO, infelizmente é impossível descrever
de forma precisa o porque gostei tanto do livro e me apeguei tanto à Carrie.
Sobre o autor:
Stephen King era um leitor
fanático dos quadrinhos EC's horror comics incluindo Tales from the crypt, que
estimulou seu amor pelo terror. Na escola, ele escrevia histórias baseadas nos
filmes que assistia e as copiava com a ajuda de seu irmão David. King as vendia
aos amigos, mas seus professores desaprovaram e o forçaram a parar.
De 1966 a 1971, Stephen estudou Inglês na
Universidade do Maine em Orono, onde ele escrevia uma coluna intitulada
"King's Garbage Truck" para o jornal estudantil, o Maine Campus. Ele
conheceu Tabitha Spruce lá e se casaram em 1971. O período que passou no campus
influenciou muito em suas histórias, e os trabalhos que ele aceitava para poder
pagar pelos seus estudos inspiraram histórias como "The Mangler" e o
romance "Roadwork" (como Richard Bachman).
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